Ao ler a edição da revista Sábado de quinta feira, 11 de Outubro, um artigo sobre um livreco escrito por um motorista de limousines em Nova York será decerto considerado um fait-divers perante a grandiloquência analítico-opinativa de um auto-proclamado jacaré Pereira.
A mim, básica lagartixa que sou, é o artigo que mais me interessa. Por ser o que mais me revolta.
Quando leio que gajo que até pelo nome Martins da Cruz parece respeitável dá ordens para despedir o motorista porque este tinha razão sobre a correcta localização da entrada do hotel que o primeiro teimou ser noutro local, ou que uma, chamemos-lhe senhora porque tivemos a educação que ela não teve, se faz valer do seu estatuto de secretaria de estado para mandar atrasar um voo da TAP e fazer sair um passageiro cumpridor dos horários, isto depois de por birra ter passado três dias a passear em Nova York à conta dos meus impostos, vem-me à cabeça o episódio do cozinheiro que Isabel II despediu por a ter tratado por "sua alteza" em vez de "sua majestade" e, curiosamente, ao mesmo tempo o episódio de Bill Clinton e a oral Monica.
E fico a pensar duas coisas. A primeira é que é pena que de facto talvez das poucas coisas que todo o poder e dinheiro do mundo não podem comprar é educação (outra é humildade). A segunda é que se calhar muita desta gente precisava de uma boa Monica ou Monico nas suas salas ovais ou vidas quadradas.